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ANIMAIS SILVESTRES PODEM SER OS PRÓXIMOS A SEREM VACINADOS CONTRA A COVID-19

Um zoológico de Curitiba quer começar a imunização, a partir de uma solicitação de veterinários da Universidade Federal do Paraná. O pedido de compra de doses foi feito ao Ministério da Agricultura. Nos Estados Unidos, a vacinação está em fase experimental desde julho. Já a vacinação dos animais domésticos, que começou na Rússia, divide opiniões entre os especialistas.

26 Novembro 2021

A vacinação de animais em zoológicos pode ser o próximo passo no combate à pandemia de covid-19. O principal motivo é a preocupação com o surgimento de novas mutações do vírus. No Brasil, pesquisadores do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná pediram ao Ministério da Agricultura e Pecuária a compra de 200 doses da vacina veterinária usada nos Estados Unidos. A ideia é aplicar em primatas, felinos selvagens, lontras e furões do zoológico de Curitiba ainda esse ano. A iniciativa tem o apoio da prefeitura da capital paranaense.

O coordenador do Laboratório de Epidemiologia e Controle de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Universidade Federal de Minas Gerais, David Soeiro, explica que vacinar animais em zoológicos e monitorar os que estão livres na natureza é importante pra reduzir o surgimento de variantes – que podem ser mais graves do que as já conhecidas.

“É o que chamamos de saúde única: a gente precisa monitorar a saúde humana e a saúde animal. E ter um equilíbrio ambiental, e aí entra a medicina da conservação, desses animais silvestres, principalmente os que estão em zoológico. E a gente precisa monitorar o aparecimento dessas variantes, porque a gente pode incorrer numa doença com manifestações clínicas mais graves. Por exemplo, a gente ter variantes que desenvolvam sintomas mais graves tanto em animais quanto em humanos”.

Os testes em mamíferos que vivem em zoológicos, santuários e instituições de pesquisa começaram em julho nos Estados Unidos. A vacina, ainda experimental, foi desenvolvida pelo laboratório Zoetis e está sendo aplicada em espécies como tigres, ursos e leões. Os grandes felinos já se mostraram bastante vulneráveis ao coronavírus. No último dia 12, três leopardos-das-neves morreram no zoológico de Lincoln, no estado norte-americano de Nebraska. No ano passado, por causa da infecção pelo Sars-Cov-2, milhões de visons foram sacrificados na Dinamarca.

Os animais de estimação não ficaram de fora do debate. Na Rússia, cachorros e gatos já estão tomando a vacina Carnivac-Cov, desenvolvida lá. Mas, parte dos especialistas ouvidos pela CBN acredita que ainda não há razões para vacinar animais domésticos. É o caso de David Soeiro, da UFMG, e da médica infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Rosana Richtman. Ela argumenta que, apesar de um cão e dois gatos do Reino Unido terem sido diagnosticados com infecção cardíaca pós-Covid, as pesquisas mostram que o agravamento dos sintomas em animais é muito raro e que não está provado que eles possam transmitir o vírus para os humanos.

“De qualquer maneira, não tem ainda nenhuma evidência dos pets para os humanos. Então, vale a pena vacinar os pets? Na minha opinião, não. Porque eles não têm quadro grave. De uma maneira geral, eles têm um quadro praticamente assintomático ou com poucos sintomas. Acho que não tem cabimento, nesse momento em que a gente precisa vacinar toda a África, ficar pensando em vacinar pets”.

Já o professor de Ciências Biológicas da UFPR Walter Boeger, que estuda a transmissão de doenças de animais para humanos, defende a vacinação dos pets por causa das mutações que ocorrem quando os vírus trocam de hospedeiro.

“Eu acho que é importante. Eu tenho muita discussão sobre a nossa estratégia, a nossa solução de problemas através de vacina. É o que existe hoje e é o nós precisamos fazer, mas a gente tem que avançar nesse sentido para impedir que essa dinâmica se estabeleça. Sim, nesse caso específico, eu acho importante vacinar os animais porque isso é, efetivamente, nos proteger”.

O pesquisador de Dermatozoonoses em Animais Domésticos da Fiocruz, Rodrigo Caldas Menezes, participou de um estudo que mostrou que 31% dos cachorros e 40% dos gatos foram infectados pelo coronavírus em casas onde uma pessoa pegou a doença. Ele lembra que pessoas vacinadas também estão protegendo seus pets.

“No momento, a melhor forma mesmo é prevenir a doença no homem. Porque é o homem que transmite a doença para o animal, excetuando-se esses casos nas fazendas da Europa com essa espécie, o vison. Mas, aqui, a situação de hoje no Brasil… a melhor forma de prevenir a doença é através da prevenção do humano: com vacinação, distanciamento e uso de máscaras”.

Em caso de suspeita de covid-19, é fundamental evitar contato com os animais, domésticos ou não, da mesma forma que é preciso se isolar das outras pessoas.

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