ASSEMBLEIA LEGISLATIVA MATO GROSSO: Campanha “Atitude”.

ASSESSORA DE SIMONE TEBET TENTA ALTERAR WIKIPÉDIA E ESCONDER POLÊMICAS

Raquel Madeira foi bloqueada na plataforma após editar perfil da senadora e omitir polêmicas sobre direitos humanos e indígenas

26 Junho 2022

Uma assessora da senadora Simone Tebet (MDB-MS), pré-candidata à Presidência da República em 2022, foi bloqueada no Wikipédia após alterar verbetes da página da parlamentar na plataforma e omitir trechos considerados polêmicos envolvendo direitos humanos e indígenas. O motivo da expulsão? Conflito de interesse.

Raquel de Carvalho Madeira tentou excluir do Wikipédia, no mês passado, que um dos principais projetos defendidos por Simone Tebet no Senado trata da suspensão das demarcações de terras indígenas e prevê o pagamento de indenizações para fazendeiros.

Além disso, a funcionária omitiu a informação de que Eduardo Rocha é marido da parlamentar. Atual secretário de governo de Reinaldo Azambuja (PSDB), governador de Mato Grosso do Sul, Rocha foi um dos nomes atuantes em comissão parlamentar de inquérito (CPI), na Assembleia Legislativa do estado, para investigar o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), instituição ligada à Igreja Católica considerada uma das maiores defensoras dos povos indígenas no Brasil.

Essas informações têm como base reportagens de sites considerados confiáveis pela plataforma.

A Wikipédia é a maior enciclopédia on-line colaborativa do mundo. Somente em maio deste ano, a página de Simone Tebet na plataforma foi visualizada mais de 50 mil vezes, segundo dados obtidos pelo Portal.

Em adendo às alterações, a assessora afirmou, no texto, que a parlamentar “propôs projeto para tentar reduzir os conflitos no campo, com o objetivo pacificar o problema histórico devido à presença de não índios em terras indígenas”.

“Ela ressaltou a difícil situação dos dois lados. Os proprietários rurais de boa-fé, detentores de títulos dominiais, sentiam-se lesados pelo Estado, que subtraiu a validade legal de tais títulos expedidos como garantia de sua ocupação, ao realizar a demarcação de terras indígenas. De outro lado, os índios tinham o direito de ocupar a terra, conferido pela Constituição”, escreveu Raquel.

“Os dois grupos eram vitimados pelo longo processo histórico, com tensão constante no campo e situações de violência extrema. Para buscar solução nestas áreas conflagradas, a senadora sugeriu que a União, ao invés de indenizar por precatórios estes produtores rurais de boa-fé, pagasse tal montante calculado sobre o valor da terra nua e das benfeitorias”, completou.

As alterações foram confirmadas pela assessoria de Simone Tebet em nota ao Portal.

“A assessoria da senadora tenta, desde 2021, atualizar o perfil e corrigir informações equivocadas registradas na Wikipédia, algumas das quais fundamentadas em veículos de imprensa cujas matérias, essas sim, apresentam teor enviesado e negativamente tendencioso. Nada além de repor a verdade dos fatos, facilmente verificados nos documentos oficiais do Senado Federal”, alegou.

“A senadora enviará protesto formal à plataforma para que corrija essa injustiça – que, especialmente neste momento, pode ser usada com objetivos eleitorais e de disseminação de desinformação e fake news”, acrescentou.

Moderadores do Wikipédia bloquearam Raquel da plataforma, por considerarem que há conflito de interesse na edição do texto. Hoje, qualquer pessoa pode alterar conteúdo das páginas, mas é preciso seguir as regras.

Após Raquel alterar verbetes na enciclopédia, editores retomaram o conteúdo original na página da senadora.

Com a chegada das eleições, moderadores têm identificado uma série de assessores que tentam manipular verbetes e “limpar” a imagem de determinados candidatos, relata Rodrigo Padula, um dos administradores do site.

Caso Weintraub

O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub usou a estrutura do Ministério da Educação (MEC) para alterar verbetes na página dele no Wikipédia.

Como revelou o jornal Folha de S. Paulo, Weintraub pediu, em 2019, que a biografia dele fosse apagada na plataforma. O ex-ministro ainda usou a assessoria da pasta federal para editar informações classificadas por ele como “equivocadas”.

A página de Weintraub na plataforma diz que, logo após ele assumir o cargo no MEC, “foi anunciado um ‘corte’ (termo usado pela mídia brasileira) de 30% em recursos destinados às despesas discricionárias de algumas universidades federais”.

A biografia traz também menções a frases e situações polêmicas de Weintraub, com assuntos relacionados a drogas nas universidades, erros gramaticais, histórico escolar e ofensas.

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