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COPOM MANTÉM SELIC EM 13,75% E ALERTA SOBRE RISCO FISCAL

Decisão da autoridade monetária era esperada pelo mercado; essa foi a primeira decisão de juros após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

08 Dezembro 2022

No último comunicado do ano e primeiro após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 13,75% ao ano, como esperado por praticamecamente a totalidade do mercado. A expectativa sobre o comunicado, no entanto, estava sobre os recados a respeito do risco fiscal e os efeitos inflacionários que o aumento dos gastos públicos podem causar na economia, o que foi sinalizado pelo comitê.

“O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação,, destacam-se uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; a elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada, parcialmente incorporados nas expectativas de inflação e nos preços de ativos; e um hiato do produto mais estreito que o utilizado atualmente pelo Comitê em seu cenário de referência, em particular no mercado de trabalho”, afirmou o colegiado em nota.

A Selic iniciou o ano de 2022 a 9,25% ao ano e sofreu cinco elevações até agosto, depois permanecendo estável em 13,75% durante quatro reuniões consecutivas incluindo a de hoje. O ciclo de alta se iniciou em março de 2021, quando o juros saiu do patamar dos 2% e foi subindo sucessivamente diante da inflação pós-pandemia da Covid-19.

Na última reunião, realizada em outubro, o Copom desapontou o mercado ao não deixar pistas sobre quando começaria o processo de redução dos juros: “O Comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, disse o colegiado na ocasião.

Riscos
O momento da tomada de decisão do Banco Central em reduzir os juros tem vários desafios, e um deles é a inflação que nas cinco últimas pesquisas do Boletim Focus voltou a subir. Vale lembrar que o primeiro trimestre do ano tem tradicionalmente pressões importantes de preços, sendo que o mais perceptível é o setor da educação, com a volta às aulas, acompanhado em 2023 por pressões no hortifrúti granjeiro, que possui variações semanais.

“A inflação para os próximos dois anos ainda está acima da meta, está desancorada e o Banco Central não conseguiu fazer as expectativas convergirem”, diz Nicolas Tingas, economista-chefe da Acrefi.“Além da acomodação dos preços relativos por conta da pandemia e depois da guerra da Ucrânia, há a expectativa sobre qual vai ser o prêmio de risco fiscal que o mercado vai pedir em termos de taxa de juros por conta da PEC da Transição e da política fiscal como um todo”, diz ele.

A PEC da Transição, proposta pelo novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, prevê aumentar o orçamento em 175 bilhões de reais ao tirar o Bolsa Família do teto de gastos, com o adicional de mais 200 reais por criança de até seis anos, para tentar acomodar outras despesas com gastos sociais. Economistas afirmam que as medidas podem provocar um aumento do consumo da população, mas não deve ocorrer aumento da produção na mesma velocidade, o que pode aumentar a inflação.

O fato de o prazo proposto pelo governo de manter o Bolsa Família fora do teto por quatro anos ter sido reduzido pelo Senado para dois anos ajuda a melhorar o cenário fiscal, mas a baixa expectativa do PIB prejudica cenários mais otimistas para o país. “Como a gente tem no ano que vem uma expectativa de crescimento menor tanto no Brasil quanto no mercado internacional, isso levanta preocupação para os próximos dois anos. Se fossem dois anos de crescimento maior que de 2022, eu acredito que não traria maior preocupação, mas o cenário de curto prazo ainda é negativo, tanto no mundo quanto no Brasil”, diz Fernanda Mansano, ex-economista-chefe do Traders Club e professora de cenários econômicos do Ibmec.

Antes da PEC da Transição, Mansano esperava que o primeiro corte da Selic ocorreria em junho e que ela encerraria 2023 a 9,5% ao ano, mas com a perspectiva de piora do risco fiscal reviu as previsões para o primeiro corte em agosto e a Selic a 10,5% até o fim de 2023.

 

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