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CORONEL SALES É JULGADO EM JÚRI POPULAR POR SUPOSTA EXECUÇÃO DE PRESO EM 1996

Exame pericial constatou que corpo "desovado" na estrada de Barão de Melgaço era do preso Cláudio Andrade Gonçalves.

06 novembro 2023

O secretário de Ordem Pública de Cuiabá, coronel Leovaldo Sales, é julgado nesta segunda-feira (06) pelo Tribunal do Júri da 11ª Vara Criminal Especializada de Justiça Militar. A sessão judicial é realizada quase 27 anos depois da execução de um preso que conseguiu fugir da penitenciária do Carumbé, em Cuiabá.

Além dele, são submetidos a julgamento os policiais militares Mariano Mattos do Nascimento, Antônio Bruno Ribeiro, Ângelo Cassiano de Camargo, José Luiz Vallejo Torres e Douglas Moura Lopes.

No dia 10 de dezembro de 1996, por volta das 15h, ocorreu uma rebelião no presídio Carumbé, em Cuiabá, culminando na fuga de cerca de 50 detentos. Conforme a denúncia do Ministério Público, para dar apoio nas buscas pelos fugitivos, foi acionado o 3º Batalhão de Polícia Militar, que estava à época sob o comando do à época tenente-coronel Leovaldo Sales.

Inicialmente, durante as buscas, foram recapturados 15 detentos, dentre eles a vítima Cláudio Andrade Gonçalves, que sob o pretexto de que estava ferido, seria levado juntamente com outro detento ao Pronto-Socorro Municipal para atendimento médico.

Apurou-se que a determinação partiu de Sales, que apenas comunicou ao diretor do presídio à época, Hélio Strech Júnior, “ocultando, assim, a real finalidade que seria a execução sumária dos presos”.

Utilizando uma viatura da PM, policiais militares levaram a vítima para a estrada que dá acesso a cidade de Barão de Melgaço, onde foi executado “sumariamente”.

Porém, diante de uma filmagem realizada pela TV Centro América, que registrou a prisão de Cláudio, ficou comprovado que ele não sofreu qualquer lesão, “não havendo, portanto, motivo para seu deslocamento até a unidade hospitalar”.

Diante da repercussão da divulgação da imagem e da ausência de Cláudio entre os presos recapturados após o episódio da fuga, os policiais teriam “simulado” a versão de que os detentos fugiram durante o trajeto, “abrindo a porta da grade interna, levantando a porta traseira do camburão, saltando com o veículo em movimento nas proximidades do córrego do Barbado, na avenida dos Trabalhadores”.

A versão logo foi descartada pelos peritos, dada a impossibilidade de se abrir a grade ao mesmo tempo que a tampa traseira da viatura.

Posteriormente, no dia 6 de janeiro de 1997, com a localização de dois cadáveres com sinais de execução na estrada de Barão de Melgaço, enterrados como indigentes no Cemitério Público Municipal no Parque Cuiabá, motivou um pedido de exumação que constatou, com 99,99% de certeza, que um dos corpos era de Cláudio.

“Desta forma, ficou demonstrado todo o engodo da fuga dos detentos, bem como comprovou-se a execução dos mesmos perpetrada por Policiais Militares, com a determinação de seu comandante”, diz a denúncia, assinada em fevereiro de 2004, pelo promotor João Augusto Veras Gadelha.

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