DISCURSO DE BOLSONARO É DÚBIO E (AINDA)PERIGOSO
O pronunciamento relâmpago serve, na prática, para manter as mobilizações contra o resultado das urnas
01 Novembro 2022
No pronunciamento de pouco mais de dois minutos que fez no fim da tarde desta terça-feira, Jair Bolsonaro não fez o necessário para acalmar os ânimos no país após sua derrota para Lula.
O presidente atendeu, sim, os apelos para que exortasse seus apoiadores a desobstruir as estradas e evitar ações violentas, mas, bem ao seu estilo, não entregou os pontos.
Ele também não desmobilizou os militantes que protestam contra o resultado das urnas. Pelo contrário, disse que “as manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas” — um sinal claro de que ele segue apostando na contestação do veredicto eleitoral.
A ordem unida está lá, no meio do discurso lido a partir do púlpito instalado no Palácio da Alvorada: os protestos, disse ele, são “fruto da indignação e do sentimento de injustiça” com o processo eleitoral.
Ou seja: o pronunciamento foi dúbio, e os reflexos dele ainda são perigosos.