MORADORES DE MATO GROSSO DENUNCIAM QUE TOMARAM VACINAS VENCIDAS DA COVID
Os registros em carteiras de vacinação mostram que as vacinas foram aplicadas dois dias depois do prazo do vencimento do lote de vacina AstraZeneca
07 Julho 2021
Moradores da comunidade rural de Carrijo, no distrito de Cangas, município de Poconé (104 km de Cuiabá) denunciam que teriam recebido doses vencidas da vacina AstraZenica contra a covid. Imagens repassadas ao Site mostram que o lote do imunizante registrado em três cartões de vacina é um dos que foram divulgados nacionalmente como tendo sido aplicados fora da validade em vários municípios brasileiros.
O lote em questão é o CTMAV506 com vencimento no dia 31 de maio, o qual Poconé teria recebido 40 doses. Desse mesmo lote, os denunciantes mostram cartões que identificam a vacinação ocorrida no dia 2 de junho, ou seja, já dois dias após o vencimento.
Os denunciantes apontam que outras pessoas da mesma comunidade rural afirmam terem sido imunizadas com vacinas do mesmo lote fora da data de validade, mas há registros de moradores que foram imunizados em abril com a vacina ainda no prazo de validade.
As 40 doses desse lote de vacinas teriam sido direcionadas à unidade de saúde do Distrito de Cangas e encaminhadas para aplicação numa escola da Comunidade Carrijo.
Os denunciantes relatam a preocupação e o risco de terem sido imunizados com vacinas vencidas, já que supostas reações são desconhecidas, além de que na hipótese de nenhum sintoma adverso, os cidadãos ainda continuam expostos à covid, já que a vacina pode não ter efeito ou a mesma eficácia.
Os cidadãos ainda ressaltam o transtorno emocional causado pela ‘descoberta’ de terem sido imunizados com vacinas vencidas, já que são quase dois anos isolados nos sítios onde moram, sem convívio social e a esperança do retorno à vida ‘normal’ após a vacinação, muito comemorada.
Segundo o Plano de Operacionalização da vacina contra covid-19, nesse caso o cidadão que tomou o imunizante vencido deve procurar a Secretaria de Saúde, relatar o fato e ser imunizado novamente após 28 dias, já que tomar vacina vencida é como se não tivesse vacinado.
Outro lado
A reportagem tentou contato por diversas vezes com a Secretaria de Saúde de Poconé e com a secretária Ilma Regina Figueiredo, mas até a publicação não houve resposta sobre os registros de vacinação que denunciam imunização fora do prazo de validade.
Prefeitura nega uso de vacinas vencidas
Na última semana, a secretária da Pasta da Saúde de Poconé, Ilma Regina Figueiredo se antecipou e logo após surgirem as denúncias nacionais a respeito das vacinas vencidas emitiu nota afirmando que no município ‘ninguém’ teria recebido imunizante fora do prazo de validade e que os lotes apontados foram usados em fevereiro.
Segundo ela, os lotes de vacinas apontados são do início da vacinação e teriam sido usados em fevereiro nos grupos de prioridade de idosos acima de 90 anos e profissionais da saúde.
A secretária afirmou que a ‘confusão’ seria pelo fato de que no início da campanha de vacinação contra a covid “o lançamento no sistema conecte SUS está diferente do dia da aplicação da dose, isso porque no começo da vacinação, a transferência de dados demorava a chegar no Ministério da Saúde, podendo levar até dois meses para os recebimentos”.
Porém, a afirmação não bate com as carteiras de vacinação recebidas pelo Site, já que foi registrado de próprio punho por ‘vacinadores’ o lote, a data da aplicação e o imunizante usado.
Além de nesse caso específico, os imunizantes terem sido enviados para comunidades rurais do município e aplicados em grupos diferentes do que relatados pela secretária.
Veja nota da prefeitura de Poconé
“ATENÇÃO POPULAÇÃO de Poconé, a respeito da reportagem da Folha de São Paulo que recentemente vem circulando nos veículos de comunicação que DENUNCIA supostas vacinações contra covid-19 com IMUNIZANTES VENCIDOS, a Prefeitura de Poconé, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, vem a público ESCLARECER que, o lançamento no sistema conecte SUS está diferente do dia da aplicação da dose, isso porque no começo da vacinação, a transferência de dados demoravam a chegar no Ministério da Saúde, podendo levar até dois meses para recebimentos dos dados, portanto , os lotes elencados são do início da vacinação e foram aplicados antes da data do vencimento”.