ASSEMBLEIA LEGISLATIVA MATO GROSSO: Campanha “Violência”

POLICIAIS MILITARES MONTARAM”TOCAIA”PARA MATAR E OCULTAR CORPOS DE 6 HOMENS EM MATO GROSSO

Além dos homicídios, são apurados outros possíveis crimes conexos, como cárcere privado, constituição de milícia privada, corrupção ativa e passiva.

29 Agosto 2020

A “Operação Insídia”, deflagrada ontem pela GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado) apontou que os três policiais militares presos – Evandro dos Santos, Roberto Carlos Cesaro, e João Paulo Marçal de Assunção – seria os responsáveis pela execução e ocultação de cadáver de seis homens que planejam roubar a fazenda Promissão, na região de União do Sul. A informação consta em decisão judicial que representou pelos cumprimentos dos mandados assinada pela juíza Thatiana dos Santos, da Comarca de Cláudia.

A decisão destaca que o crime teve origem com uma denúncia de que haveria o roubo na fazenda Promissão no dia 18 de abril. Inclusive, um boletim de ocorrência chegou a ser registrado para denunciar essa tentativa de furto ou roubo de cargas de soja na propriedade.

“Entretanto, com a apuração dos fatos, notou-se que não se tratava de apenas um assalto ou tentativa de assalto de carga de soja por um grupo de criminosos, tendo ocorrido, supostamente, outros crimes como homicídio e ocultação de cadáveres de integrantes do grupo criminoso, envolvendo outras pessoas, incluindo policiais militares da região dentre eles os representados PM Evandro dos Santos, PM João Paulo Marçal de Assunção e PM Roberto Carlos Cesaro”, diz trecho da decisão.

As apurações identificaram que o funcionário do local – Francisco de Assis, conhecido como Bill -, que participaria do roubo, se arrependeu e contou a trama para o patrão, Agenor Vicente Pelissa. Ele foi o responsável por acionar Evandro dos Santos, comandante da PM em Santa Carmen.

Santos seria o responsável por fazer as rondas e montar esquema para interceptar os criminosos. Inclusive, o nome da operação faz referência à essa ação. No dicionário, “insídia” significa “tocaia ou emboscada”.

“O representado Agenor Vicente Pelissa ao ter conhecimento do possível furto/roubo em sua fazenda através do seu funcionário Francisco de Assis que também lhe confidenciou que Naldinho também estaria envolvido com o grupo criminoso e ajudaria no furto/roubo da soja, entrou em contato com o Comandante da Polícia Militar de Santa Carmem, Evandro dos Santos solicitando que fizesse rondas em sua propriedade, principalmente no dia 18.04.2020, tendo fornecido seu veículo para uso”, relata a decisão.

Para as investigações, houve, além do impedimento do roubo/furto, a execução dos supostos criminosos. O responsável foi o sargento Evandro dos Santos. “O Comandante da Polícia Militar de Santa Carmem, PM Evandro dos Santos, é suspeito de executar os homicídios e possivelmente ocultar os cadáveres na fazenda, sendo a suspeita fundada no fato de que Agenor o comunicou dias antes dos fatos sobre o possível roubo em sua propriedade, solicitando que fizessem a segurança do imóvel, o que de fato foi feito, inclusive com a viatura da própria policia militar, mesmo estando na posse da camionete do fazendeiro”, assinala a magistrada.

Na sequência, a decisão destaca as formas como o grupo agiu para ocultar provas e dificultar as investigações. O principal mentor para isso foi o empresário Agenor Belissa, que teria colaborado com policiais para ocultar provas e teria tentado cooptar os delegados responsáveis pelas investigações.

“Apesar de negar ter conhecimento do que ocorreu no seu imóvel, acortinou-se que está bem informado do que aconteceu, inclusive esteve no local dos fatos ajudando os policiais militares de União do Sul a modificar as provas existentes e posteriormente, no intuito de prejudicar as investigações buscou corromper o Delegado Regional de Sinop, Dr. Douglas Turíbio, para servir de mensageiro aos delegados responsáveis pela operação e tentar arquivar o inquérito”, coloca a juíza.

Apuração

As investigações apuram os fatos ocorridos no dia 18 de abril deste ano, em uma fazenda no município de União do Sul. Naquele local, foram encontrados diversos veículos com perfurações, estojos, munições, além de manchas de sangue e objetos pessoais, sem qualquer registro ou informação do que teria acontecido.

Após a realização de dezenas de diligências, perícias técnicas, buscas pelos corpos, oitivas de testemunhas e de pessoas envolvidas, as investigações apontaram para a execução de pelo menos seis pessoas, seguidas da ocultação dos respectivos cadáveres. Entre as vítimas está um funcionário da fazenda que trabalhava no local onde o fato ocorreu.

Além dos homicídios, são apurados outros possíveis crimes conexos, como cárcere privado, constituição de milícia privada, corrupção ativa e passiva.

As ações foram realizadas com apoio da Gerência de Operações Especiais (GOE), Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso, Polícia Civil do Estado de Tocantins e Corregedoria da Polícia Militar de Mato Grosso.

As investigações seguem em andamento.

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