Thelma vai ao MPE contra jornalistas de canal de TV por “campanha caluniosa”
Prefeita de Chapada, Thelma de Oliveira, acionou jornalistas da TV Cidade Verde em razão de diversas reportagens transmitidas em fevereiro
05 março 2020
Na denúncia, assinada pela advogada Fabiana Napolis Costa, a defesa de Thelma “requer que sejam adotadas as medidas jurídicas pertinentes ao caso”.
Desde o início de fevereiro, o repórter Arthur Garcia tem ido a Chapada dos Guimarães para gravar matérias de denúncia de suposto desvio de recursos de uma obra de revitalização da piscina pública do município.
Em ofício enviado à emissora, a prefeita afirma que Arthur foi até a prefeitura pedir esclarecimentos em 12 de fevereiro. Na ocasião, “sem sequer se identificar, invadiu o gabinete da prefeita municipal pela janela com a câmera ligada, local onde estava sendo realizada uma reunião com o secretário de Saúde e sua equipe, oportunidade em que um dos servidores percebendo a inconveniência, fechou as janelas”.
O repórter teria sido atendido pela assessoria. Por dificuldade na agenda, a prefeita teria pedido para que a reportagem marcasse uma entrevista. Ao tentar sair da prefeitura, o carro oficial onde estava Thelma teria sido “fechado” por um veículo da emissora.
“Além de constranger a prefeita, o Secretário Municipal de Obras também recebeu um tratamento hostil por parte do repórter Arthur Garcia que o abordou pelas costas o empurrando com o microfone”, diz o documento.
A situação foi relatada à direção da TV no ofício e Thelma foi chamada por Andersen a participar do programa ao vivo, no estúdio, em Cuiabá. “A requerente aceitou o convite e dias após a exibição da matéria caluniosa se dirigiu ao programa para dar explicações, oportunidade em que constatou que a intenção dos jornalistas não era esclarecer os fatos, mas sim de atacar a honra e denigrir a imagem da requerente”, afirma.
Durante o programa, além de repetir as denúncias sobre suposto desvio na obra da piscina, os jornalistas exibiram imagens de Thelma com o secretário municipal de Saúde” adentrando a esfera pessoal da requerente para indagar se ela estava mantendo um relacionamento com o sr. Jamirson, sob o pretexto de que seria nepotismo”.
“Nesse momento restou claro que a intenção não era a de esclarecer a população, mas sim a denegrir a imagem da requerente com uma atitude discriminatória, pois, nunca se questionaram, seja por qualquer veículo de comunicação social, a ocorrência de nepotismo quando mulheres, esposas de chefes de Poder Executivo, ocuparam cargo político dentro do governo seja Estadual ou Municipal”, acusa.
A defesa da prefeita esclarece que a obra principal da piscina não foi sequer iniciada em razão da não arrecadação suficiente de IPTU no município e descarta qualquer possibilidade de desvio de recursos.
Com base nas reportagens, vereadores do município fizeram pedido de abertura de CPI contra a prefeita. A denúncia de Thelma lembra que foram os próprios parlamentares que aprovaram a legislação para uso do IPTU nas obras municipais.
“Assim, o que se vê é que alguns vereadores estão usando da estrutura da Câmara Municipal para divulgar mentiras, denegrir a imagem da administração pública, violando o princípio da moralidade e impessoalidade”, afirma.
Outro lado
A TV Cidade Verde emitiu uma nota em defesa de seus jornalistas. Veja na íntegra:
A TV Cidade Verde sempre defenderá o bom jornalismo, investigativo e correto. Reafirmamos que continuaremos sendo combatentes.
Essa representação só demonstra que estamos no caminho certo e como não temos nada a esconder, colocamos à disposição do Ministério Público Estadual (MPE) todas as reportagens feitas e a série de reportagem que, ainda, estão sendo produzidas sobre as denúncias recebidas contra a Prefeitura de Chapada dos Guimarães.
Reiteramos nosso compromisso com a população de que vamos continuar a praticar o jornalismo investigativo.
Sempre que houver uma denúncia, em qualquer lugar do Estado, a TV Cidade Verde estará pronta para investigar e jogar luz aos fatos. Temos direito à liberdade de expressão e a população tem o direito à informação. Qualquer intimidação ao trabalho de um jornalista representa grave ofensa a ordem constituída e à própria Democracia.