ASSEMBLEIA LEGISLATIVA MATO GROSSO: Campanha “Atitude”.

LOCUTOR RAMALHO JUNIOR É PRESO POR RACISMO MEDIANTE HOMOFOBIA NO NORTÃO DE MATO GROSSO

O TV Notícias falou com mais dois moradores de Guarantã do Norte que garantem ter sofrido discriminações e ofensas do locutor, parecidas com as que Pâmela narrou à Polícia.  

11 Junho 2022

Por Joel Teixeira

O locutor Ramalho Junior, 61 anos foi preso em flagrante, na manhã de quinta-feira (9) em Guarantã do Norte a 232 km de Sinop (MT). Ele passou a noite na Depol e deve ser ouvido por um juiz da Comarca, em audiência de custódia na tarde dessa sexta-feira (10).

A prisão do comunicador, foi feita em decorrência de crimes de racismo mediante homofobia, contra Pâmela de Souza Lima, 28 anos, frentista do Posto de Combustível Trevão, na cidade. Após ser discriminada por Ramalho, a vítima registrou um boletim de ocorrência contra ele. De acordo com a Polícia Judiciária Civil de Guarantã do Norte, o fato aconteceu na quarta-feira (8) por volta das 10h30.

Ramalho Júnior chegou ao posto para abastecer sua caminhonete e ao ver Pâmela, que possui tatuagens e é homossexual, teria se recusado a ser atendido por ela, “ele não me conhece para sair me chamando de bandida, de ladrona, porque quem tem tatuagem para ele é simplesmente bandido. Como uma pessoa da mídia igual a ele, pode sair fazendo isso? Eu cheguei nele e falei, olha o meu advogado vai entrar em contato com o senhor.

Ele falou que eu posso mandar dois advogados que ele não está nem aí; ao lado de um policial militar, em frente ao caixa. Quando saí de perto ele falou bem assim, vai me processar. Não aceito mesmo um tipinho desse me atender.”

Pâmela disse à nossa reportagem que não é a primeira vez que sofre discriminação pelo locutor, “Se fosse a primeira vez, a gente vai relevando, mas já é a terceira vez. Na primeira vez, há mais ou menos 3 meses, ele perguntou se eu tinha tatuagem e se votava no Lula, eu disse que tinha duas e que votaria sim no Lula; aí ele disse que quem tem tatuagem é tudo bandido. Eu disse a ele que a minha esposa o admirava como comunicador e o que ele estava fazendo comigo era desrespeitoso.

Na segunda vez, ele disse: Eu não aceito ser atendido por pessoas homossexuais e que tenham tatuagem. Isso muita gente o ouviu dizer.

Eu não fui na casa dele, maltratar ele, estou no meu local de trabalho e ele está vindo ao meu local de trabalho, então acho que ele tem que me dar o respeito, porque se fosse eu que fizesse com ele, ou com uma filha ou filho dele, eu aposto que ele iria querer justiça. É o que quero, justiça,” desabafou.

Após a repercussão do fato, outras vítimas apareceram e denunciaram Ramalho Júnior

O TV Notícias falou com mais dois moradores de Guarantã do Norte que garantem ter sofrido discriminações e ofensas do locutor, parecidas com as que Pâmela narrou à Polícia.

A jovem Fabiana Macena, 35 anos, atendente em uma loja de utilidades d omésticas, disse: “ele chegou na loja em que eu trabalho, e viu que eu tenho uma tatuagem no braço, ele falou: eu não aceito ser atendido por quem tem tatuagem. Todo lugar que eu chego, seja em restaurante, pizzaria, qualquer lugar, se a pessoa tiver tatuagem eu não aceito que me atenda. Vou ficar andando aqui na loja até sua patroa me atender____ eu o larguei pra lá, deixei ele sozinho, porque para mim ele é só um idiota. Ele ainda falou para mim que expulsou o filho dele de casa porque fez uma tatuagem. Como se a gente fosse obrigada a fazer o que ele gosta.”

Fabiana Macena, diz que foi  discrimnada enquanto atendia o locutor

Já ganhei nome de “maconheiro” dentro da rádio, diz outra vítima

O trabalhador com propagandas e sonorização, Ademir Ferreira Gomes, 43 anos, conhecido como “Nenê do Som”, também se manifestou, “é o Ramalho mesmo, já ganhei nome de “maconheiro” dentro da Terra FM. À época eu estava dentro do estúdio com o locutor Sérgio, ele gravava comerciais para mim, o Ramalho chegou na porta, o Sérgio pediu para que ele entrasse e ele disse: não, não vou entrar com esse maconheiro aí não.

Me deu uma revolta! Essa conversa dele se espalhou na cidade e eu fiquei como usuário de drogas, coisa que eu não sou; isso me prejudicou muito. Se ele quiser, eu faço exame toxicológico. Ele é cheio de preconceito.  Eu tralho é com a sociedade. Às vezes vou acertar propaganda, vou de camisa regata, ninguém nunca falou nada de minha tatuagem,” disse.

Ademir Ferreira Gomes diz que também foi vítima de Ramalho Júnior 

Sensação de justiça

Pâmela que é casada com a professora Mirian Garcês há quase 2 anos, disse ainda que não temeu pelo fato de o agressor ser uma pessoa influente na cidade e, que se sente aliviada porque a justiça está sendo feita, “se eu não o denunciasse, ele não pararia e faria com muito mais pessoas, como já apareceram outras vítimas dele. Eu não fico feliz com a prisão do Ramalho, mas tenho a sensação de que há justiça.

O outro lado

O TV Notícias tenta contato com o advogado do locutor Ramalho Junior, mas até o final dessa matéria não conseguiu falar com ele.

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